domingo, 19 de abril de 2009

Do texto de Ricardo Agnes, escrito para esta peça, ("piAR-à-parte"),
está escrito em espiral na mesma, os excertos que estão a vermelho:

Jazigos de gente viva, empilhada numa rotina teimosa, nascem nos urbanos quintais das traseiras do mundo. Em que ruído se canta nessa urbe súbita que és? Doamos a lua aos retalhos, orgulhosos de a ter na manga, mas afinal estamos nus.
Morro todos os dias cúmplice com a maquilhagem de alcatrão. Cartaz rasgado. Máscara de meretriz velha como o mundo. Silêncios grávidos entalados na apatia da gravidade grave. O espaço vazio que a solidão empresta. Um ritmo sinistro de flutuar entre quedas de espaços. Erro de cálculo. Rede malhada. Ensaio imperfeito. Legítimo.
As linhas cruzadas pelos pés cingidos num equilíbrio vertical de sombra com movimento. Pinta os espaços abertos, perenes.
Às vezes parece que tudo está mal e o coração morre sóbrio incapaz de dilatar aos pés de um rizanto imaculado.

26 de Março, 2009

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